FENCES | OPINIÃO
"Fences" ou "Vedações" (título em Portugal) foi o segundo filme que decidi ver o projecto de ver todos os filmes nomeados para os Oscars 2017. Este é, sem dúvida, um fortíssimo candidato.
"Fences - Vedações" segue a história de um problemático ex-jogador de basebol (Washington) - que agora ganha a vida como lixeiro na cidade de Pittsburgh - e a (atribulada) relação que este mantém com a família.
No início, não estava a gostar nada do filme. Cenas extremamente longas, com conversas monótonas. Tinha a sensação que já tinha assistido a uma hora de filme, e apenas tinha passado pouco mais de dez minutos.
Decidi parar. Sentei-me em frente ao computador e procurei algumas informações sobre o filme. Foi então que descobri que o mesmo é a adaptação cinematográfica da peça de teatro "Fences" de 1983, escrita por August Wilson (que também que também foi responsável pela adaptação do mesmo).
Decidi parar. Sentei-me em frente ao computador e procurei algumas informações sobre o filme. Foi então que descobri que o mesmo é a adaptação cinematográfica da peça de teatro "Fences" de 1983, escrita por August Wilson (que também que também foi responsável pela adaptação do mesmo).
Voltando ao que estava a dizer anteriormente, após esta breve pesquisa regressei ao sofá para retomar o filme. Continuei a não gostar do filme. As expressões eram extremamente exageradas, pareciam quase teatrais. No cinema, por norma as expressões faciais são mais contidas, já no teatro devem ser "gigantescas" para que todos na plateia consigam ver. Admito que isso estava a tirar-me do sério. Estava a deixar-me irritado.
O facto de estarem constantemente a abordar o racismo estava a pôr-me "doente", até porque é algo que me incomoda. Talvez tenha sido a forma "leve" como estavam a abordar o tema, no entanto, isso foi das primeiras coisas que compreendi uma vez que o filme se passa nos anos cinquenta.
Pausei novamente o filme. Regressei ao computador e percebi que Denzel Washington e Viola Davis, que interpretam Troy e Rose Maxon respectivamente já haviam interpretado estas personagens no palco em 2010. Agora, sim tudo fazia sentido.
Sentei-me novamente no sofá, e desta vez com outra ideia sobre este filme. E agora que já sabia o porquê de Denzel Washington e Viola Davis estarem a interpretar desta forma desliguei-me desse "problema" e decidi focar-me no argumento (até porque não conhecia a peça).
À medida que o filme foi avançando, sentia-me cada vez mais à vontade. Com o texto, com a interpretação, com a realização, com a banda sonora, e no final, acabei por adorar o filme.
Mas vamos por partes:
O argumento/a peça é qualquer coisa de fenomenal. Tem um poder emocional incrível. Mostra-nos claramente a força das palavras. Mostra-nos como os sonhos que não realizamos se apoderam de nós e nos transformam em pessoas completamente desequilibradas. Faz até a comparação de como a vida nos muda, seja por aquilo que fizemos, ou por nunca termos feito aquilo que efectivamente queríamos.
A acção do filme, (tal como a da peça, pelo que percebi) passa-se quase toda em casa, ou, no quintal. São pouquíssimas as cenas em outros locais. Por um lado, temos a casa como sinónimo de conforto - lugar de partilha, de conforto, de família. Por outro, temos um espaço de conflito - conflito amoroso, financeiro geracional.
O facto de estarem constantemente a abordar o racismo estava a pôr-me "doente", até porque é algo que me incomoda. Talvez tenha sido a forma "leve" como estavam a abordar o tema, no entanto, isso foi das primeiras coisas que compreendi uma vez que o filme se passa nos anos cinquenta.
Pausei novamente o filme. Regressei ao computador e percebi que Denzel Washington e Viola Davis, que interpretam Troy e Rose Maxon respectivamente já haviam interpretado estas personagens no palco em 2010. Agora, sim tudo fazia sentido.
Sentei-me novamente no sofá, e desta vez com outra ideia sobre este filme. E agora que já sabia o porquê de Denzel Washington e Viola Davis estarem a interpretar desta forma desliguei-me desse "problema" e decidi focar-me no argumento (até porque não conhecia a peça).
À medida que o filme foi avançando, sentia-me cada vez mais à vontade. Com o texto, com a interpretação, com a realização, com a banda sonora, e no final, acabei por adorar o filme.
Mas vamos por partes:
O argumento/a peça é qualquer coisa de fenomenal. Tem um poder emocional incrível. Mostra-nos claramente a força das palavras. Mostra-nos como os sonhos que não realizamos se apoderam de nós e nos transformam em pessoas completamente desequilibradas. Faz até a comparação de como a vida nos muda, seja por aquilo que fizemos, ou por nunca termos feito aquilo que efectivamente queríamos.
A acção do filme, (tal como a da peça, pelo que percebi) passa-se quase toda em casa, ou, no quintal. São pouquíssimas as cenas em outros locais. Por um lado, temos a casa como sinónimo de conforto - lugar de partilha, de conforto, de família. Por outro, temos um espaço de conflito - conflito amoroso, financeiro geracional.
Nem sempre a estabilidade é sinónimo de felicidade.
A banda sonora tem um poder emocional arrepiante. As notas musicais fundem-se com as palavras e arrancam-nos as lágrimas. A realização, que ficou a cargo de Denzel Washington, transborda emoção, e afecta claramente o espectador. Apesar do filme estar repleto de planos fixos e abertos, nas cenas de maior tensão os planos fecham-se sobre o rosto da personagem e tornam-se móveis, levando o espectador a criar uma intimidade com a personagem ao ponto de compreender os seus problemas, de sentir o que ela sente, de se perder com ela.
Como não conhecia a peça, o final apanhou-me completamente de surpresa, e ainda me sinto ligeiramente desiludido, mas ao mesmo tempo sinto que foi a melhor opção, e que não faria sentido terminar de outra forma.
≈
"Fences" está nomeado em quatro categorias: Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Atriz Secundária, Melhor Argumento Adaptado. Apesar de ainda não ter assistido aos filmes todos, arrisco-me a dizer que é um fortíssimo candidato, uma vez que é um filme com grande potencial para vencer três das quatro categorias em que está nomeado - Melhor Ator, Melhor Atriz Secundária, Melhor Argumento Adaptado. Não acho que tenha tudo o que é necessário para receber o Oscar de melhor filme, mas sem dúvida que Dezel Washington e Viola Davis merecem ser vencedores. Em relação à categoria de melhor argumento adaptado não posso falar muito sobre a adaptação porque não vi a peça, aliás, como já mencionei, nem a conhecia, mas este texto/argumento tem uma força que o torna quase inabalável, só por aí já merecia ganhar.
Infelizmente o filme ainda não está nas salas de cinema portuguesas, e a sua estreia apenas está prevista para 23 de Fevereiro, segundo o site dos Cinemas NOS.
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